segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
NATAL: CELEBRAÇÃO DO CRI$TO CAPITALI$TA
É natal.
Data pra anestesiarmos nosso espírito das frustrações, recalques e
rancores.
Data pra lembrarmos do nascimento do "menino-Jesus".
O mesmo menino-jesus que nascido pobre viria salvar a humanidade, é o mesmo que nos dias de hoje podia estar vagando nos sinais, pedindo "um troco,tio", ou o menino-jesus que alcança seu "paraíso artificial"
cheirando cola ou fumando crack.
São os meninos-jesus paridos pela cloaca da caridade alheia.
Aqueles que o "cidadão" de automóvel fecha o vidro do carro na sua
cara, que não passam de trombadinhas e futuros bandidos perigosos...
São os meninos-jesus que a consciência burguesa
despreza o restante do ano, deixando-os abandonados na noite suja do pesadelo social, e que morrem antes dos 20 anos...portanto, NUNCA chegam aos 33, pois a violência e a pobreza os crucificam antes.
No entanto, no dia do nascimento do "menino-Jesus", celebramos nosso espírito consumista, refugiados nos shoppings, ostentando cartões de crédito e auto-limpando nosso ego .
COMPRO,LOGO EXISTO !
Celebramos a ânsia de consumo crucificando simbolicamente a miséria.
Celebramos uma época que a religião e o mercado utilizam mais as
pessoas para fins de dominação espiritual e controle mental.
Celebramos...mas nunca ninguém convida pra festa do nascimento do "menino-Jesus oficial", os pobres miseráveis pras suas seias fartas, ninguém dá presentes pros meninos-jesus dos sinais, Papai Noel-o velhinho propaganda da Coca-Cola-não vai na periferia e nem sobe os morros...muitos menos os suntuosos shoppings deixam que passem por suas portas essa "gente", mal-vestida, suja e simples.
Esse é o espírito, a propaganda, o imperativo categórico do CRI$TO CAPITALI$TA !
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
WIKI LEAKS: E OS DONOS DO PODER ESTÃO NUS!
Já havia postado um texto anteriormente sobre um "vazamento" publicado pelo site Wiki Leaks, sobre as atrocidades ianques no Iraque. E bem como sobre a "suspeita" de envolvimento do Julian Assange numa acusação de estupro. Mas agora depois de botar a nu os senhores do poder e seus segredos que já não são(ou será que eram?) tão mais secretos assim, o dono do Wiki Leaks é capturado pra responder sobre a tal acusação, que a "imprensa-livre" não se refere como "suposta" - esta palavrinha preferida da mídia politicamente correta e que não quer se comprometer com nada, a não ser com seus próprios interesses.
Onde estão os arautos defensores da Liberdade de Expressão para sair em defesa de Julian Assange?
Só importa reclamar de arbitrariedades quando atinge o rabo próprio?
Denunciaram a censura ao Estadão pelo Sarney e até agora nenhum boneco apresentador de telejornal, ou comentarista político não abriu o bico, em protesto contra a intervenção no site e a prisão de seu dono.
Por que?
Este blog já cansou de se repetir. Este assunto já tá muito batido demais. A mídia é autoritária e apóia enrustidamente a detenção de Assange. Bem como apóia o fechamento de toda e qualquer rádio comunitária, ou qualquer outro tipo de veículo de comunicação, com o cerceamento a quem diverge do pensamento único, do consenso fabricado e da sua hegemonia com seu capital simbólico da condução e indução da opinião pública fantoche.
O Wikileaks tem como principal mérito, desnudar os segredos dos bastidores do poder. Escancarou e revelou, não importa como, coisas que ninguém sabia ou então apenas desconfiava. A mídia tradicional talvez sinta uma ponta de inveja diante da repercussão que teve o site de Assange. Primeiro, porque só se compromete em investigar os governos "hostis" à hegemonia ocidental(leia-se EUA), e segundo, porque faz de tudo para que não comprometa estes mesmos governos que visa defender.
Hackers já começaram a atacar sites das empresas e entidades que cortaram serviços de doações do site. Empresas como Visa, MasterCard e um banco suiço foram os principais alvos. Na mídia "grande", "especialistas" no assunto dizem tratar-se de "terrorismo cibernético"; Na França, um garoto de 16 anos foi preso, acusado de ser um hacker. Se isso for crime, e o que o Governo ianque e megacorporações fazem pelo mundo for "da lei", então o arranca-toco posiciona-se do lado "criminoso", ou melhor, da guerrilha cyber, virtual, inédita. A Web torna-se um interessante campo de batalha da contra-informação.
O arranca-toco apóia incondicionalmente o Wiki Leaks e Julian Assange. Quem mexe com mídia, cria um monopólio imperial familiar e tem parente criminoso é quem devia estar atrás das grades!
Repasso aqui, um ABAIXO-ASSINADO pela libertação de Assange, não custa nada:
AQUI: http://www.avaaz.org/po/wikileaks_petition/?cl=849211156&v=7723
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
A Pax Global: Uma inversão da realidade e outras dúvidas
Como sempre, a Rede Globo se supera no esmero de falsificar, omitir e inverter as variadas faces da realidade social do Brasil. O espetáculo da operação militar no Rio contra o narcotráfico, é o seu novo "campeão de audiência" do momento. A paz agora reina no Rio. Venham para o Rio! Não existem mais traficantes, tudo está uma beleza e o Rio continua lindo...só pra gringo e brasileiro, burro, ver e acreditar. Quem engole esta "Pax Global"?
Como pode estar tudo "em paz" agora, se antes o caos era praticamente irreversível, com o crime organizado queimando carros e ônibus diariamente? E agora, a polícia ocupa os morros, com as UPP'S, esta entidade responsável pela "paz", que botou "fim" nesta "guerra". O "bem" derrotou o "mal". Qual o segredo desta mágica? O governo finalmente sentiu vontade de fazer algo, que nunca antes havia feito e com seu poderio militar botou os trafica pra correr? Será que o BOPE é fodão mesmo? Será que não passa de um grande "acordão" pra não queimar o filme da cidade até a Copa e as Olimpíadas? Será...?
De todo modo, gostaria de convidar os leitores e leitoras deste arranca-toco, para a leitura de um artigo escrito pelo sociólogo José Cláudio Souza Alves, que nos chama a reflexão sobre esta atual situação de ocupação de algumas comunidades do Rio, aqui reproduzidas logo abaixo.
A GUERRA DO RIO - A farsa e a geopolítica do crime
por José Cláudio Souza Alves
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.
Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.
O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.
De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.
Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.
Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.
Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.
Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônicos na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.
Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?
Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.
Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.
Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.
A farsa da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.
Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos esquecemos que sua única finalidade é a hegemonia do mercado do crime no Rio de Janeiro?
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.
Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.
José Cláudio Souza Alves é sociólogo, com doutorado na USP, professor da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, autor do livro "Dos Barões ao Extermínio – Uma História da Violência na Baixada Fluminense" e membro do Iser Assessoria.
LINK: http://aldeia-gaulesa.blogspot.com/2010/11/guerra-do-rio-farsa-e-geopolitica-do.html
Como pode estar tudo "em paz" agora, se antes o caos era praticamente irreversível, com o crime organizado queimando carros e ônibus diariamente? E agora, a polícia ocupa os morros, com as UPP'S, esta entidade responsável pela "paz", que botou "fim" nesta "guerra". O "bem" derrotou o "mal". Qual o segredo desta mágica? O governo finalmente sentiu vontade de fazer algo, que nunca antes havia feito e com seu poderio militar botou os trafica pra correr? Será que o BOPE é fodão mesmo? Será que não passa de um grande "acordão" pra não queimar o filme da cidade até a Copa e as Olimpíadas? Será...?
De todo modo, gostaria de convidar os leitores e leitoras deste arranca-toco, para a leitura de um artigo escrito pelo sociólogo José Cláudio Souza Alves, que nos chama a reflexão sobre esta atual situação de ocupação de algumas comunidades do Rio, aqui reproduzidas logo abaixo.
A GUERRA DO RIO - A farsa e a geopolítica do crime
por José Cláudio Souza Alves
Nós que sabemos que o “inimigo é outro”, na expressão padilhesca, não podemos acreditar na farsa que a mídia e a estrutura de poder dominante no Rio querem nos empurrar.
Achar que as várias operações criminosas que vem se abatendo sobre a Região Metropolitana nos últimos dias, fazem parte de uma guerra entre o bem, representado pelas forças publicas de segurança, e o mal, personificado pelos traficantes, é ignorar que nem mesmo a ficção do Tropa de Elite 2 consegue sustentar tal versão.
O processo de reconfiguração da geopolítica do crime no Rio de Janeiro vem ocorrendo nos últimos 5 anos.
De um lado Milícias, aliadas a uma das facções criminosas, do outro a facção criminosa que agora reage à perda da hegemonia.
Exemplifico. Em Vigário Geral a polícia sempre atuou matando membros de uma facção criminosa e, assim, favorecendo a invasão da facção rival de Parada de Lucas. Há 4 anos, o mesmo processo se deu. Unificadas, as duas favelas se pacificaram pela ausência de disputas. Posteriormente, o líder da facção hegemônica foi assassinado pela Milícia. Hoje, a Milícia aluga as duas favelas para a facção criminosa hegemônica.
Processos semelhantes a estes foram ocorrendo em várias favelas. Sabemos que as milícias não interromperam o tráfico de drogas, apenas o incluíram na listas dos seus negócios juntamente com gato net, transporte clandestino, distribuição de terras, venda de bujões de gás, venda de voto e venda de “segurança”.
Sabemos igualmente que as UPPs não terminaram com o tráfico e sim com os conflitos. O tráfico passa a ser operado por outros grupos: milicianos, facção hegemônica ou mesmo a facção que agora tenta impedir sua derrocada, dependendo dos acordos.
Estes acordos passam por miríades de variáveis: grupos políticos hegemônicos na comunidade, acordos com associações de moradores, voto, montante de dinheiro destinado ao aparado que ocupa militarmente, etc.
Assim, ao invés de imitarmos a população estadunidense que deu apoio às tropas que invadiram o Iraque contra o inimigo Sadan Husein, e depois, viu a farsa da inexistência de nenhum dos motivos que levaram Bush a fazer tal atrocidade, devemos nos perguntar: qual é a verdadeira guerra que está ocorrendo?
Ela é simplesmente uma guerra pela hegemonia no cenário geopolítico do crime na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
As ações ocorrem no eixo ferroviário Central do Brasil e Leopoldina, expressão da compressão de uma das facções criminosas para fora da Zona Sul, que vem sendo saneada, ao menos na imagem, para as Olimpíadas.
Justificar massacres, como o de 2007, nas vésperas dos Jogos Pan Americanos, no complexo do Alemão, no qual ficou comprovada, pelo laudo da equipe da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a existência de várias execuções sumárias é apenas uma cortina de fumaça que nos faz sustentar uma guerra ao terror em nome de um terror maior ainda, porque oculto e hegemônico.
Ônibus e carros queimados, com pouquíssimas vítimas, são expressões simbólicas do desagrado da facção que perde sua hegemonia buscando um novo acordo, que permita sua sobrevivência, afinal, eles não querem destruir a relação com o mercado que o sustenta.
A farsa da operação de guerra e seus inevitáveis mortos, muitos dos quais sem qualquer envolvimento com os blocos que disputam a hegemonia do crime no tabuleiro geopolítico do Grande Rio, serve apenas para nos fazer acreditar que ausência de conflitos é igual à paz e ausência de crime, sem perceber que a hegemonização do crime pela aliança de grupos criminosos, muitos diretamente envolvidos com o aparato policial, como a CPI das Milícias provou, perpetua nossa eterna desgraça: a de acreditar que o mal são os outros.
Deixamos de fazer assim as velhas e relevantes perguntas: qual é a atual política de segurança do Rio de Janeiro que convive com milicianos, facções criminosas hegemônicas e área pacificadas que permanecem operando o crime? Quem são os nomes por trás de toda esta cortina de fumaça, que faturam alto com bilhões gerados pelo tráfico, roubo, outras formas de crime, controles milicianos de áreas, venda de votos e pacificações para as Olimpíadas? Quem está por trás da produção midiática, suportando as tropas da execução sumária de pobres em favelas distantes da Zona Sul? Até quando seremos tratados como estadunidenses suportando a tropa do bem na farsa de uma guerra, na qual já estamos há tanto tempo, que nos esquecemos que sua única finalidade é a hegemonia do mercado do crime no Rio de Janeiro?
Mas não se preocupem, quando restar o Iraque arrasado sempre surgirá o mercado financeiro, as empreiteiras e os grupos imobiliários a vender condomínios seguros nos Portos Maravilha da cidade.
Sempre sobrará a massa arrebanhada pela lógica da guerra ao terror, reduzida a baixos níveis de escolaridade e de renda que, somadas à classe média em desespero, elegerão seus algozes e o aplaudirão no desfile de 7 de setembro, quando o caveirão e o Bope passarem.
José Cláudio Souza Alves é sociólogo, com doutorado na USP, professor da Universidade Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, autor do livro "Dos Barões ao Extermínio – Uma História da Violência na Baixada Fluminense" e membro do Iser Assessoria.
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