"A mídia é o único poder que tem a prerrogativa de editar suas próprias leis, ao mesmo tempo que sustenta a pretensão de não se submeter a nenhuma outra."
PAUL VIRILO
Taí um assunto que rende muitos questionamentos. Existe LIBERDADE DE EXPRESSÃO ou de imprensa no Brasil? Não, não há!
Primeiro, vamos nos basear em fatos. Episódios de censura a blogs e demissões de jornalistas comprovam isso. NÃO HÁ LIBERDADE DE EXPRESSÃO, só há a liberdade de concordar com o que o patrão, dono do jornal, acha que é certo e ponto. NÃO HÁ LIBERDADE DE EXPRESSÃO, só há a liberdade de publicar, escrever, falar, afirmar e exprimir tudo que não contrarie e que agrade aos intere$$e$ mancomunados dos poderosos senhores feudais da mídia, dos bancos, dos latifundiários, de políticos, megaempresários, etc.
Como nas favelas, impera a LEI DO SILÊNCIO. Se falar o que viu, morre. Na imprensa, o sujeito morre profissionalmente falando, se falar a verdade factual. Imprensa se alimenta de factóides e sensacionalismo. É o ar que respira, a mão que alimenta.
Mas, enfim, é muito bonito todo esse discurso a favor da democracia e da liberdade de expressão. Mas só na teoria este discurso é aplicado. Na prática, temos exemplos que podemos inferir como elucidatórios desta contradição.
FATO 1 - A jornalista Salete Lemos, quando apresentava um telejornal na TV Cultura, foi demitida da emissora gerenciada pelo governo de São Paulo, após denunciar a roubalheira que os bancos cometem com suas cobranças de taxas e juros e seus lucros ultra-abusivos. Resultado: No dia seguinte foi pra rua...
FATO 2 - Mais recentemente, a jornalista Maria Rita Kehl, foi demitida pelo Estadão por um "delito de opinião", segundo a própria jornalista. Conforme Maria Rita afirmou: "- Fui demitida pelo jornal o Estado de S. Paulo pelo que consideraram um “delito” de opinião (…) Como é que um jornal que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua?". O "crime" da jornalista foi seu artigo publicado no jornal contra a desqualificação do voto dos pobres e o benefício dos programas do governo em relação a pobreza
( o que pode ser passível de discordância, mas não de demissão).
FATO 3 - O Blog/Site Ponto de Vista(www.pontodevista.jor.br), do professor de jornalismo da UFRGS, Wladimir Ungaretti, trazia resenhas e análises a respeito da formatação da subjetividade da opinião pública pela mídia. No caso, sobre a RBS e seu jornal local Zero Hora. Durou pouco tempo, já que o site/blog foi processado por um fotógrafo do jornal, que se sentiu ofendido pela maneira irreverente que era referido seu nome em um apelido...só por este motivo.
O Ponto de Vista teve seu material censurado e hoje ainda se mantém, porém, sem poder mencionar nada a respeito do Zero Hora e da RBS.
ADENDO : Aliás, a RBS demitiu há uns anos atrás um fotógrafo do Diário Catarinense por este ter fotografado uma ação truculenta de capangas da prefeitura de Floripa, contra estudantes num ato contra o aumento das passagens de ônibus. RBS tem ficha corrida contra a Liberdade de Expressão. A RBS e demais emissoras locais fizeram de tudo pra ocultar o estupro cometido pelo filho da emissora, ao lado de um filho de um delegado, contra uma menina de 13 anos. A RBS não vale nada! RBS NEM PENSAR!
FATO 4 - E recentemente sumiu das páginas de busca do Google, os links que levam ao Blog Tijoladas do Mosquito. Sumiu, simplesmente. Por ordem de quem exatamente? Imaginamos de quem seja, embora não se saiba ao certo, mas desconfia-se que deve ser pela curriola de políticos locais que se sentem ofendidos pelas "tijoladas" do blogueiro. Com vários processos contra, Mosquito segue na sua luta divulgando seu jornal, o Tijolada Press, em vários pontos da cidade.
Em resumo, creio que é suficiente o relato feito aqui sobre os atentados contra a LIBERDADE DE EXPRESSÃO, para desmascarar essa democracia de fachada, patronal e plutocrática que impera nos quatro cantos deste país. Se a CENSURA era uma marca que caracterizou o período da ditadura militar durante mais de 20 anos, ela agora manifesta-se comandada justamente pelos próprios veículos de comunicação.
A mídia se torna "proprietária" da liberdade e da democracia de um modo geral. O que nos remete ao tempo da escravidão. Só que agora é o tempo de uma escravidão mental.
Assim fica configurado um quadro ameaçador, uma ditadura de plantão, cuja agenda é pautada pela uniformização das mentes e dos conteúdos, bancada pela vontade de um grupo, de uma elite que visa a manutenção, como diria Noam Chomsky, de um "consenso fabricado".
Ao mesmo tempo, que se sente vítima das declarações de agentes do governo Lula, a imprensa devia olhar para dentro de si mesma e fazer uma autocrítica, mas isso ela não é capaz de fazer, já que o "Quarto Poder"* briga sempre pra ser o poder de fato.
*Quarto Poder é um filme de Costa Gravas, se puder, assista!
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
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