segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Floripa: Entre a anomia e a lei da selva

Chegamos ao ponto que andar a pé nesta cidade tornou-se como guerrar em trincheiras; as "faixas de segurança", se tornam minas explosivas, quando motos pilotadas por inconsequentes sem-noção, parecem se transformar em verdadeiras artilharias kamikazes. Depois morrem e não sabem porque...sem falar dos cuzões que pilotam carros e camionetes, não esquecendo dos ônibus e táxis; Vez ou outra, surge um lampejo de humanidade, quando alguém motorizado, uma "boa alma", lhe permite atravessar a rua, sem passar por algum sobressalto.

Ser pedestre nas ruas de Floripa é entrar em guerra contra carros e motos. A prefeitura limita o acesso dos pedestres, a imobilidade urbana é total, o classe-medianismo individualista é o maior causador de engarrafamentos, o que prova que a anomia¹, desta gente é explícita; Não é só a onda de assaltos que faz com que as ruas não sejam mais das pessoas. Mas sim a intolerância, irracionalidade e competitividade estúpida motorizada, artífice de uma ditadura do asfalto em que as máquinas oprimem as pessoas, se impondo como a regra de "sobrevivência" desta "lei da selva" à gasolina.

Sair de casa a pé não vale mais a pena. Infelizmente! A cidade não é mais a "Pólis" do povo. Castro Alves seria ridicularizado hoje , pois dizia que "a praça é do povo, como o céu é do condor". O automóvel é a nemesis cuspida e acabada da exacerbação expansionária da personificação motorizada do desprezo em relação ao "outro". Eduardo Galeano cunhou o termo "Automóvelcracia" pra definir bem tudo isso.

Tudo isso é incentivado pela propaganda, a ânsia imediatista, de consumo e culto à imbecilidade egoísta como novo "Ethos" deste final de tempos civilizatório.

O corpo individual sente essa mudança. O corpo do pedestre tem que se sujeitar a esta relação de poder, que autores como Foulcault definiram como uma espécie de prisão; São relações sociais pautadas pela História, cujo "motor" é o condicionamento imposto, por quem detem a tecnologia a seu favor, seja como for.

Há também, e principalmente a inépcia de quem tem a responsabilidade política de comandar a cidade. Prefeito e vereadores são cúmplices na mediocridade da má condução administrativa e do abandono em que vivemos. Em resumo: Estamos todos fudidos!

¹ -Anomia:
A palavra tem origem grega e vem de a + nomos, donde a significa ausência, falta, privação, inexistência; e nomos quer dizer lei, norma. Etimologicamente, portanto, anomia significa falta de lei ou ausência de norma de conduta. Foi com esse entendimento que Durkheim usou a palavra pela primeira vez, em seu famoso estudo sobre a divisão do trabalho social, num esforço para explicar certos fenômenos que ocorrem na sociedade.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/3730/1/Anomia/pagina1.html#ixzz14kS8wnGs

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